Chama-se Teresa Forcades i Vila, tem 47 anos, é freira no Mosteiro de St. Benet em Monserrat, Barcelona, médica especialista em medicina familiar, mas é também um dos rosto do movimento de cidadãos Process Constituent, que defende um estado independente e livre de capitalismo na Catalunha e conta cerca de 50 mil seguidores..Por tudo isto, a cadeia de televisão BBC considerou-a em outubro um dos mais influentes intelectuais de esquerda e apelidou-a de "freira mais radical da Europa".."Colocamos rótulos e com isso parece que nos informamos de quem é [determinada pessoa], mas o mais bonito da teologia cristã é o reconhecimento do caráter original, único, de cada pessoa.[...] Não se me conhece pelos rótulos, mas pelo contacto pessoal", disse Teresa Forcades em entrevista a agência Lusa, por telefone, a partir de Berlim..Forcades, que sexta-feira dá uma conferência e lança um livro em Lisboa, define-se como "uma freira beneditina que tenta ser fiel ao que considera ser a vontade de Deus". .Criticada pela sua intervenção política, não vê nela incompatibilidades com o exercício do ministério religioso.. "A Teologia não pode não ser política. Se não é política não é cristã", disse Teresa Forcades, citando o bispo catalão adepto da teologia da libertação, Pere Casaldàliga i Pla..Para a freira, a teologia deve fixar-se nas pessoas que sofrem e não apenas "uma teologia angélica, autoreverencial e que fala de conceitos e não tem em conta as circunstâncias em que vive a maior parte da população"..Mas admite a "originalidade" de uma freira "com vocação de clausura" se envolver num movimento social com clara vocação política.."Só se entende como uma vocação particular. Alguém me fez uma proposta, pensei nisso, falei com a minha abadessa, com o bispo e com a comunidade. Ninguém me disse que era fantástico, mas avaliaram-se as vantagens e inconvenientes", disse..Confessa que gosta da atenção que recebe dos meios de comunicação social porque é uma forma de chegar às pessoas, mas considera que "a popularidade também é um peso" que faz com que avalie permanentemente a sua ação.."Estou nisto porque acho que faz sentido. Se dentro de um ano concluir que o meu papel não acrescenta nada, deixo tranquilamente de ter essa relevância pública", acrescentou..Afirma sentir que conta com o apoio de católicos de base, mas na Internet circula também uma petição com cerca de 5.000 mil assinaturas para pedir a sua suspensão.."Estou consciente que[alguns católicos] acham muito mal o que faço e represento, mas tenho a impressão de que são minoritários. Antes da mudança de papado, estes grupos tiveram acesso a posições de poder e é possível que me possa chegar uma notificação oficial que me cause problemas reais, mas até agora isso não aconteceu", disse.